domingo, 22 de janeiro de 2012

Auto-Construção



Tinha uma amarra inteligível... 
Uma sensação de perda quando me afastava em tom de alivio... 
Mas a verdade é que não defino essa ausência em tempo, 
Nem sequer sinto o afastamento na distancia... 
Já não vejo o mesmo encanto num berço de ruas, luzes e edifícios, 
Que ainda há bem pouco tempo atrás diziam tanto de mim... 
Achei ter perdido tanto daquilo pelo qual lutei anos a fio, 
Revi-me em cada sufoco que insistia em manter na pele... 
Afinal apenas tive a hipótese de me reinventar, 
De me desprender de sítios, tempos, pessoas sistematizadas...
Ligações que a dada altura prezei na cidade que me fez evoluir, 
Ou apenas seguir o caminho anteriormente predestinado... 
Dizem que muitas escolhas que fazemos e acabam por ser erradas, 
Apenas servem para nos trazer aos momentos certos... 
A constatação do erro nunca se suporta com facilidade, 
Mas a satisfação de compreender os efeitos que isso provoca em nós, 
É algo que supera qualquer desilusão dada pelos caminhos errados... 
Se a inteligência não me falha e faz parte do meu brilho, 
O conhecimento próprio é a lampada que me faz brilhar... 
A evolução nunca se tratou de ganhar ou perder... 
Evoluo todos os dias e entendo o que isso significa... 
Posso, por vezes, sentir-me desamparada, 
Mas a verdade é que a sensação de liberdade que isso me traz... 
Essa liberdade... Essa força da alma... 
Que tantas vezes me enche o peito e me faz sorrir... 
Essa liberdade de ser, estar, sentir, fazer, saber... 
É um poder transcendente... 
Um poder que me dá a escolha de nunca me trair a mim própria... 
Sei quem sou, de onde vim, para onde vou e o que quero para mim,  
No caminho... 
Adapto-me... 
Desafio-me... 
Encanto-me... 
Construo-me... 
Todos os dias!

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