segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aos Rascunhos do Teu Coração



Minha querida M...

Adorava desenhar o meu coração em compartimentos... Adorava ter uma parte minha e as outras partes para o resto do mundo dividido em subcategorias... Quando eu desenhava corações, fazia-os sempre muito redondinhos com um vertice prolongado como agulha... Normalmente preenchia-os com um sarrabiscado de caneta na diagonal da esquerda para a direita que às vezes saia fora das linhas...
Talvez a forma como os desenhamos diga realmente alguma coisa de nós... talvez o meu redondinho preenchido queira dizer também que quer sair dele proprio em cada batimento ou explosão... não sei se conseguiria, mas gostava de experimentar o teu por um dia, saber como lidar com esses compartimentos que agora fechas, agora abres...
Mas o meu vertice prolongado como uma espada nem sempre me facilita a vida, rasga-me muitas vezes o resto do corpo e da mente, que cedem vezes demais à vontade do redondinho preenchido...
Os lados que tu tens no teu, não se separam no meu... nos meus ultimos tempos, dei por mim com os dois lados a quererem sair me da garganta ao mesmo tempo...
Guardo pessoas, momentos e coisas todos num monte, como às vezes se atira roupa para dentro de um armário, que por mais desarrumado que esteja deixa encontrar as peças que procuras...
Quero saber como ter um lado onde deixar entrar e um lado que restringe a entrada...
Quero saber como comunicam esses lados para bater em sintonia...
Quero saber como poes e tiras esses resguardos...
Quero que saibas que te prefiro mil vezes quebrada do que uma vez vazia! 

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